GUADA'S TRANSITION FUND
Alguns de vocês seguem-me desde antes de ter começado esta jornada e têm-me acompanhado durante toda ela, outris acabaram de chegar e não estão sequer a par. Tendo isso em conta, acho importante falar-vos um pouco sobre a minha experiência com disforia de género.
Durante o meu crescimento, sempre senti q era socializada como qqr rapariga cis. Tanto qto sabia nada significativo nos separava, não sentia q algo nos divergisse, embora a sociedade já me dissesse q não era como as outras, o meu cérebro infantil n o compreendia.
Foi com o início da puberdade e o desenvolvimento de características sexuais secundárias q comecei a sofrer agressivamente com disforia de género embora ainda estivesse longe de saber sequer o q era. A sociedade cisheteronormativa tinha claramente parado de me ver como rapariga.
N fazia ideia do q se passava, só sabia q algo estava errado, q me sentia errada. Q não estava na verdade, a sociedade sim interpretava e tratava-me duma forma errada, mas ainda n o sabia. N entendia pqq tinha sido violentamente separada do resto das raparigas.
Era obrigada a partilhar espaços com rapazes e a nunca me sentir segura, a ser constantemente discriminada, assediada e agredida. N só por eles mas por todis q me rodeavam, desde colegas a professores a funcionários e família.
1º culpo desinformação, por mt tempo o fator q mais agravava o meu sofrimento era não saber sequer o q se passava e pq me sentia tão mal por existir. Ninguém educa uma criança ou um adolescente sobre como ou o q é ser trans ou não-binári. É uma jornada solitária q fazemos sós.
Depois mm qdo já tinha alguma consciência do q se passava, não tinha nenhum apoio. Nem financeiro nem emocional. A minha família sempre foi pobre e conservadora. Metade refugiados africanos, metade agricultores ribatejanos. Mais tarde inclusive fui expulsa de casa dos meus pais.
Nos meus early teens fiquei extrema/ deprimida, depressão essa q se tornou crónica e com a qual ainda batalho. Refugiava-me no sucesso escolar, pq a disforia de género e o ambiente familiar só me levavam a automutilar-me e tentar suicidar-me. Escrevi cartas de despedida 3 vezes.
CONTUDO esta é uma história feliz. Ao sair de casa dos meus pais, ter mais liberdade, informação e autonomia e encontrar os meus amigos q amo até morrer fui, mm com todos os obstáculos, tendo força pra me afirmar contra o mundo.
N foi algo do dia pra noite, foi algo gradual q não teria conseguido sem a minha rede de apoio emocional. Com quase um ano de hormonoterapia e nova documentação, hoje sou mais feliz q nunca. Vou aprendendo um conforto em ser eu q nunca antes conheci.
Sinto q nunca vou conseguir fazer jus ao q passei e passo enquanto mulher trans em palavras, nunca vou conseguir fazer alguém cis entender. Tomares o teu lugar e a tua identidade numa sociedade q está feita em todas as medidas contra ti e te quer apagar é único.
Mas esta história feliz ainda não tem o seu final feliz e é pra chegar a ele q venho pedir a vossa ajuda. Por mais confortável q esteja, a maior causa da minha disforia de género permanece e só a resolverei submetendo-me à cirurgia de redesignação sexual.
E são-me apresentadas as únicas duas opções em Portugal: a opção pública q exige um tempo de espera ao qual temo não conseguir sobreviver se tiver q esperar e onde há várias denúncias de técnicas arcaicas mal realizadas em q pacientes tiveram q fazer correções posteriores no priv
Ou o privado onde (embora tencione dar seguimento no público como backup) escolhi seguir e já estou na tbm imensa mas menor lista de espera. O preço é ridiculamente caro para uma trabalhadora-estudante pobre q tá a acabar a faculdade e mm não contando com conseguir arrecadar tudo
Resolvi engolir o orgulho e expor-me publicamente e pedir-vos qualquer contribuição ou pelo menos q partilhem ao máximo. Obrigada por terem chegado até aqui e feliz pride 365 dias por ano ❤️ Podem pedir-me outras vias (mbway/paypal/iban) por dm!!!!!!
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