
Ajudar o Monet
Donativo protegido
Na passada quinta-feira 20 de Fevereiro de 2025, o maior dos sismos abalou a nossa casa, seguido de réplicas que jamais pararam e não sabemos até quando durarão.
A nossa vida e a do Monet, o nosso "filho de 4 patas", subitamente transformou-se no mais negro e angustiante pesadelo de todos. Assistimos à repentina falência de metade do corpo do nosso príncipe, desde metade da sua coluna, mais ou menos na zona do abdomen até á ponta de cauda. O Monet ficou paralisado primeiro, sem que se conseguisse levantar ou sequer encontrar uma posição para se deitar, e vergado depois, no sentido da gravidade, uma imagem aterrorizante sendo ele o cão mais saudável, feliz e enérgico que alguma vez conheci. Seguiram-se as incontinências urinária e fecal e uma respiração ofegante e penosa como quem precisaria de todo o oxigénio do mundo para suportar o que estava para vir.
Levei o Monet com a maior brevidade ao Hospital Veterinário da Lusófona em Lisboa onde após uma breve triagem e nos terem pedido para aguardar novamente na sala de espera teve um episódio de convulsão, bastante febril, vi um dos seres que mais amo perder definitivamente as forças e entregar-se a um estado de semi-imobilidade (restava-lhe as "patas da frente" e a cabeça). Finalmente o atenderam por volta das 11H da manhã e foi-me transmitido de imediato que se tratava de um caso muito grave e muito urgente, ainda que cheio de incógnitas, apenas depreendi que havia perdido a "sensibilidade profunda". Fui informado que o hospital naquele dia não tinha serviço de Neurologia Canina e que deveria ser encaminhado para uma clínica chamada "Referência Veterinária" em Alcabideche (Cascais) para ser visto pelo Doutor João Carlos Ribeiro. Lá fomos os dois na mais longa A5 que percorremos e chegados fui informado que teríamos que aguardar pois o doutor tinha a agenda cheia. Em suma, e apesar do pronto socorro do enfermeiro Rúben a quem agradeço, o Monet só foi visto pelo Doutor já passava das 14H e o feedback foi uma vez mais de que se tratava de um cenário muito complexo em que ou uma hérnia ou uma possível Mielomalácia nos veio assombrar a vida. Para que o Monet pudesse passar pelos procedimentos como o TAC e a Ressonância Magnética foi necessário assinar diversos documentos de compromisso que poderiam comportar valores até 3400€ (caso fosse submetido a cirurgia). Assim regressei a casa, sem ele, na maior das alienações sem entender o que havíamos feito por merecer tudo isto , principalmente ele, o ser mais ternurento e leal, que nada fez para merecer tudo isto. Consumido pelo trauma das últimas horas e por uma revolta inexplicável aguardamos até quase à noite, quando via telefónica fomos informados que não seria submetido a operação pois não se justificava e que deveria ser transferido para o CRAA - Centro de Reabilitação Animal da Arrábida no Hospital Veterinário da Arrábida, para um tratamento "conservador" , segundo o Doutor.
No dia seguinte fomos buscar o Monet para o levar para a outra margem do Tejo , sem antes pagar mais de 900€ pelos exames e período quê ali passou. Após 1 hora de viagem e com o nosso rapaz irreconhecível e de olhos ensanguentados, chegámos ao CRAA onde já nos esperavam, sentia-se uma energia pesada, protocolar como se estes casos, referenciados pelo Doutor, fossem efetivamente casos diferentes.
O Monet foi atendido, e após alguns procedimentos que para o "homem comum" são violentos de assistir, fomos informados que o Monet deveria ficar internado por 5 dias, "os dias vida" segundo a Doutora, precisamente para perceber se poderia existir vida para além desses 5 dias.
Recordo-me que a Doutora nos falou em valores entre os 500-600€ e após nos explicar tudo, que inclusive o Monet corre risco de vida, caso a Mielomalácia progrida, que pode não voltar a andar e a recuperar a sensibilidade ou reflexos, nos perguntou:
"É para avançar? Têm alguma dúvida?"
Lembro-me de num pavor atroz e com muita dificuldade em respirar, ter respondido, a olhar nos olhos o nosso Monet, que "Não sabia como íamos viver ou pagar sequer a renda, mas que tínhamos que tentar, não podíamos desistir dele".
Avançámos e consumamos o pagamento de mais de 500€ para que ele lá pudesse ficar. Uma Sexta-feira que já nos tinha levado mais de 1500€ mas não nos podia levar a esperança de voltar a ter o nosso príncipe em casa e com saúde.
O Monet tem estado na Arrábida, a mais de 40Km de casa. São esses 40 que transformamos em 80 todos os dias ao visitá-lo desde Sexta-feira, excepto Domingo pois está fechado a visitas. Levamos Arroz Branco e Frango cozido para tentar amenizar as infeções na zona pélvica e no anús, e tentar atrasar as escaras que teimam em aparecer.
O feedback foi todos os dias o mesmo, "passou bem a noite/dia' , " a Mielomalácia estancou, ou seja não evoluiu" mas " o quadro neurológico mantém-se".
Ou seja, continua sem vida em metade do seu corpo.
Ontem, ao 4° dia do período mencionado, foi avaliado e disseram-nos que, sem garantias de sucesso, com o risco da Mielomalácia evoluir, e depois de tudo puder não recuperar ou "ficar naqueles carrinhos de rodinhas" , deveríamos avançar para um plano de reabilitação no valor de 720€ para 15 dias.
Umas vez mais tínhamos que avançar, nada mais havia a fazer para além de tentar tudo para o salvar ainda aque a carteira não conseguisse acompanhar o ritmo dos acontecimentos.
E assim foi, o Monet não merecia outra coisa e também não temos nada mais a que nos agarrar. Pagámos ontem mais de 800€ e a doutora fez-nos crer que valores bastante superiores estariam por vir , caso o Monet continue a ser o Guerreiro que tem sido e continue a querer melhorar.
Atendendo a estes últimos 5 dias, as nossas vidas transformaram-se nas tais réplicas de sismo para as quais não sabemos como nos proteger e portanto precisamos de ajuda. Sem saber o que virá, só sabemos que vamos á luta, e que termine onde ou quando terminar, só pode terminar com o "Monetzinho" no melhor estado de saúde e felicidade possíveis.
Quem quiser ou puder contribuir com o que quer que seja, ficaremos eternamente gratos e faremos questão de disponibilizar todas as faturas do que temos pago e as que estão por vir e todo o feedback que nos for solicitado, só não podemos desistir.
Não sabemos até quanto podemos vir a gastar, na verdade não sabemos como será o amanhã, mas vamos atualizando tudo.
Organizador

Filipe Seara
Organizador
Queluz, 11