Rehab should be Free, but it’s not

1o Passo - Narcóticos Anónimos:

Admitimos que somos impotentes perante a nossa adicção, que a nossa vida se tornou incontrolável.

A vida e eu. Tem sido uma bola de neve e quem me conhece sabe o quanto odeio o frio. Foram 3 anos duros, para quem me rodeia. Devo muitos pedidos de desculpa, mas ainda não cheguei a esse passo. Consigo finalmente perceber que tenho um problema, muito maior que eu e impossível de controlar. Adorava perceber o pânico que tenho à sobriedade e o que fiz à miúda inocente que admirava sempre o céu. Várias psicoses, dois internamentos, uma overdose e o afastamento do meu filho não foram suficientes. Oh mãe… coitada de ti. Só agora percebo que fiz da droga a minha melhor companhia e me afastei da vida em si. Passei estes anos fechada na minha sala a olhar para o teto, sem vontade de comunicar, sem perceber bem o que me estava a fazer. Tive paranóia dura, acusava os meus amigos próximos de me quererem matar e tornei-me a pior companhia possível. Hoje respeito quem se afastou e me tentou explicar a influência que tinha na vida dos outros. Só hoje te percebo! Em tempos sei que fui luz para os meus, e hoje reconheço que sou o caminho para a destruição. Quero sempre mais, sem fim, até o coração estar com palpitações. Quero isto para mim e para quem está ao meu lado. Amigos, sou mesmo doente, desculpem. Não foi falta de amor, foi mesmo falta de noção.

Tudo isto está a revelar-se aos poucos para mim, mas não consigo meter ordem no caos. Sozinha não consigo, e preciso mesmo de um reset e de encontrar Deus para que esta má energia e escuridão saiam de mim. Se o meu problema fosse ir a festas e estar com pessoas seria mais ou menos fácil de resolver. Mas o problema para mim é estar sozinha. Algo tão básico que é preciso aprender a fazer, faz parte da rotina de todos. Para mim estar sozinha sem cocaína é… nem me lembro. Não pode acontecer. É triste, mas é o que é e estou muito farta que assim seja. Adorava que as minhas palavras impedissem alguém de chegar a este ponto. Mas se há algo que acredito é que as coisas são como têm de ser, e hoje tenho este problema mas com 7 anos já era adicta e viciada - ao sims, por exemplo. É algo que vem desde sempre, e é uma doença horrível e progressiva. Preciso mesmo de mudar tudo isto. Sei que sou boa mãe, só me falta ser um bom exemplo. Nem consigo imaginar o Afonso seguir os meus passos, e é isso que toda a gente à nossa volta tem medo, e entendo.

Decidi internar-me a sério, abdicar do meu filho, da minha liberdade e da melhor amiga que fiz estes tempos. Confesso que vou ter saudades dela, e de tudo o que vem da escuridão. Preto é a minha cor e só quem vive no dark consegue captar as cores da vida.

Mas super pronta pra Sofia da Luz! Imaginem, eu sóbria e com paixão pela vida…. vai acontecer, confiem. Também vai acontecer eu construir uma relação com o meu Deus e torná-la uma prioridade - passo número dois e três:

2º. Acreditamos que um Poder maior que nós pode devolver-nos à sanidade.

3º. Decidimos entregar a nossa vontade e a nossa vidas aos cuidados de Deus, da maneira como nós O compreendemos.

Agora, dito tudo isto… os valores médios das clínicas que tenho falado e com o método de reabilitação que procuro são 5000€ no mínimo, por mês. Faltam-me 2000€ para poder ir tranquila, com a minha renda paga e tudo em dia na minha vida e do meu filho. Sinto ainda mais vergonha por estar a pedir ajuda para isto, quando há tantos motivos maiores e bonitos de ajudar. Mas cada um com o seu percurso e este é o meu, um caos. Mais sincera e aberta que isto seria impossível. 5 dias sem dormir e esta dormência mental ajudam bastante. Espero um dia estar sóbria e sã a ler este texto e rir-me muito de mim própria. A vida é muito estranha malta, mas vai tudo dar certo. Em Maio vou para Badajoz curar-me e o meu verão vai ser uma bela e saudável seca. Obrigada por me lerem, obrigada a quem poder ajudar!